13.9.06

nublada

tenho dentro de mim essas libélulas acessas.
hoje pela manhã cavei um buraco onde, outrora, havia escondido as minhas palavras.
elas não estavam mais lá.
libélulas, procurem!
onde está o meu poema? a minha sede? a minha úlcera?
na minha casa é assim: dentro das paredes mora um anjo que roubou meu coração.
e se essa rua fosse minha, eu já estava longe.
fico aqui por medo. medo de que minhas libélulas me abandonem.
mas tudo certo: fecho os olhos e vejo o mundo que me deixam ter.
gosto dos meus sussurros e da forma com que eles me tiram da cama.
tenho dentro de mim essas libélulas acessas.
e a minha vontade é de rasgar o estômago e ver que, junto ao sangue, as asas das libélulas ainda batem.