24.10.06

ainda que tarde

ainda era cedo quando levantei. olhei para aquelas nuvens no céu; pareciam ter um novo tom hoje. o branco, que sempre foi bem branco, hoje tinha uma ponta de cinza amarelado. e nas curvas de cima não pareciam mais com algodões. seria mais fácial compará-las com fumaça logo, já que a dimensão sólida havia se perdido.
fiquei muito tempo deixando os olhos se cansarem dos seus lentos movimentos.
quanto demoraria uma nuvem para atravessar meus pensamentos?
pra onde vai tudo isso?
essa possibilidade de chuva, essa tormenta, os furacões.
porque aqui eles nunca caem, já repararam?
decidi, então, investigar essa coisa do sumiço.
pra onde vão as nuvens, quando não chovem?

foi então que passou pela rua o caminhão de lixo. muito barulho, mas nem assim eram trovões.
os trovões estão lá, escondidos. em algum lugar perto de onde as nuvens tecem o céu.

quando eu crescer eu quero um vestido-nimbo.