17.9.09

Voltando ao ateliê, buscando a criatura.

Toda vez que me olho no espelho te vejo ali: em algum lugar que escapa de mim e, muito provavelmente, de ti também.
Te vejo nos meus olhos, na minha vontade de que existas.
Te invento, te persigo. E não vens. E não estás.
Não sei quem você é e ainda assim moras nos meus sonhos, nas minhas ânsias.
Queria ser livre como és a ponto de não existir. Livre, tão livre, que estás aqui, dentro de mim, e não te acho. Livre, tão livre, que és menino e menina. Forte e fraco. Jovem e antigo. Tortura e prazer.
És a exata quantidade de coisas que não sei ser. Cabes no teu tamanho, que transborda do meu. Cabes no mundo, apesar de mim, que não te sei. Cabes em mim, apesar do mundo, que não te acolhe.

Saio do espelho, deito, sonho. E você lá, em todas as paredes dessa casa pré-desabada que não me abriga em nada, só me desmonta. Essa casa que busquei pra te criar.

E que você toma de mim todos os dias.

8.9.09

Flor

Pétala por pétala meu coração se despedaça num sorriso com jeito de primavera adiantada.