27.12.11

chegada


'speak low when you speak love'

a ventania no portão de casa não chiava. as vírgulas, suspiros e sorrisos descansavam em volta. a primavera desesperada não poderia prever você.
a que sonhava, sonhava baixo, pra vida não acordar.
o sonho era curto, era susto. o sonho não previa você. no sonho não cabia você.
a que sonhava, sonhava pouco. doses eram costume.
os dias curtos tinham gosto de alerta, plaquinhas saborosas e desavisadas que brincavam na correria do destino.
a que sonhava esqueceu de acordar naquele dia. o que era curto virou imenso. o que era parede ganhou céu. muito sangue pra pouco corpo. muitas mãos pra pouca tarde.
agarrar com dedos o amor desperto. e aí sim: lá se vão os sonhos com os pés no chão.

todo dia.

1.9.11

hipótese

meus sonhos te olham dormir
os olhos navegam cada casa vazia
a minha, a sua
enquanto na rua
nossos pés dançam aquela valsa interrompida

18.5.11

correnteza


e lá se vai meu destino com sua fantasia de escafandro.

3.2.11

de repente

um beijo da rainha do mar,
um cheiro no pescoço do homem vento,
um sorriso rasgado numa esquina escura de copacabana,
os pés bem desgarrados da pouca fé,
a nuca pronta pra outro ano,
a carta escrita pra fora da manga,
o susto vomitado na rua.
e aí está: fevereiro rasgando em mim.