7.6.12

coleções



lavar os desejos com água de cheiro, vestir pra baile. costurar renda na lapela das vontades. se apegar, guardar, namorar. investigar os sonhos, saber de cor, lamber as crias. construir e desconstruir todos os dias as mesmas coisas, até que sejam outras a andar por perto. até que não sejam suas essas esquinas caseiras. amarrar no pé da cama as ideologias que te fazem ser metade. acordar e dormir encarando o susto de ser inteiro. 
pegar tudo que apraz, amarrar com laço de fita, enfeitar. proteger com plástico bolha sua pouca fé. guardar os gostos numa caixa com papel de seda. cuidar para que não se quebre cada estômago embrulhado.
até que dancem dentro de você as madrugadas. até que você chegue em casa enjoada do gosto do anis e tire os sapatos, ainda na porta. até que na cama você encoste, no travesseiro você encolha, nas fronhas você entorte. até que exausta, você não lembre mais de nada. e a dor do fim da festa te perfume a vida inteira.

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