Estava aqui, sentada a escrever, e nem percebi que já eram passadas tantas horas.
E então eu desisti de escrever e prestar atenção nas horas que passaram.
Mas como prestar atenção se as horas são, no caso, passadas?
E como manter os olhos abertos se o sono é, no caso, reflexo?
Pois então, é aí que surgem as idéias: no susto que você leva em perceber que o tempo passa mesmo enquanto você dorme.
E a vontade de dormir passa junto com todo aquele tempo que você achava que ainda tinha.
Mas que havia amanhecido.
E tempo lá amanhece?
Depende de quando tempo você durou à noite.
E então eu desisti de escrever e prestar atenção nas horas que passaram.
Mas como prestar atenção se as horas são, no caso, passadas?
E como manter os olhos abertos se o sono é, no caso, reflexo?
Pois então, é aí que surgem as idéias: no susto que você leva em perceber que o tempo passa mesmo enquanto você dorme.
E a vontade de dormir passa junto com todo aquele tempo que você achava que ainda tinha.
Mas que havia amanhecido.
E tempo lá amanhece?
Depende de quando tempo você durou à noite.
3 comentários:
a primeira vez tinha lá o seu valor de descoberta. a luz da manhã é, de fato, encantadora: tanto rosa, tanto lilás sendo sugados pelo azul e invadidos pelo laranja que explode em um amarelinho que chega, em princípio, meio tímido.
já no segundo dia as cores eram, para mim, uma espécie de vídeo tape clichê dos bons momentos, dos mais suaves aos intensos, em tons crescentes.
acostumei-me a ver pela janela os dias começarem. e na terceira semana lá estava o vício. não tinha mais forças pra tocar a vida e a reduzi a tal mania de colecionar amanheceres.
pus-me a estudar as obras de um químico francês, depois de um físico alemão, e desenvolvi meu próprio método de dar um nó no tempo, era assim que roubava as alvoradas. pois... que nunca mais preguei os olhos; virei um torturado pela coleção de lusco-fuscos pendurada nas minhas paredes. enfim consegui!... permiti aos relógios de todo o ocidente não mais terem motivos para despertar.
as olheiras de um bode insone em “ Aquele colecionador de manhãs”
Duro a noite toda, ganho manchas nos olhos de tanto durar, que tempo é esse que amanhece?
"You know that little clock, the one on your VCR the one that's always blinking twelve noon because you never figured out how to get in there and change it. So it's always the same time just the way it came from the factory. Good morning. Good night. Same time tomorrow. We're in record.
...
Stop. Pause. We're in record. Good morning. Good night. East. The edge of the world. West. Those who came before. We're in record. Good morning. Good night. Same time tomorrow. Speak my language."
(Laurie Anderson, The Same Time Tomorrow)
Não sabia que isso aqui existia! :**
Postar um comentário