Rio de Janeiro, 10 de Agosto de 2009.
Meu querido amigo,
Eu queria ter palavras doces pra te dar. Potes de carinho pra te despejar todas as vezes que te vejo.
Mas tenho raiva e sempre um gosto amargo que dura mais tempo do que gostaria quando te comportas assim.
Queria te alcançar e te contar histórias de como vamos ficar bem velhos, ouvindo aqueles shows de rock com nossos outros amigos velhos.
Mas hoje tenho aqui essa velha conta a acertar, essa velha mágoa pra deixar na mesa do bar.
Queria gargalhar até de manhã e te contar dos ofícios, das neuras, das coisas todas que quase sempre transbordam das nossas conversas.
Mas já disse: ando farta desse inábil companheiro que me deixa sempre na beira do rio, sem margem que dê pé.
Adoraria ser a amiga a te elogiar aos ventos. A te propagandear por aí, "esse é dos meus".
Mas insisto: hoje não. Hoje te quero quase morto, não fosse minha extrema habilidade para a covardia.
Espero que você saiba que essas palavras são só pra te perdoar. Que o que eu queria mesmo era festa e champagne.
Espero que você nem as leia. Que te passem, que te distraias e não venhas por aqui, nessas vizinhanças tão inóspitas.
Espero que nunca chegue até você essa minha incapacidade de te perceber. Essa minha incapacidade de te amar inteiro, porque não sei de ti. Te queria como vejo, como creio. E você é tão duro nessa qualidade de ser você. Te garantes tanto e nos perdemos.
Mas tenho fé que essas palavras não chegam a ti. Guardo-as aqui comigo, nessa casa que é minha e transparente.
Mas se vier, não se espante. Entre, sinta-se à vontade.
Ainda sou a mesma que te acolhe há tanto tempo.
Tire os sapatos, pise com cuidado nesse chão de palavrinhas indomadas.
Dê um sorriso, cuide de mim. Me deixe chorar, me faça rir.
Vá embora, mas, antes, fique um pouco.
Quem sabe assim a gente não apaga da minha carne esse talho com teu nome?
No mais, esqueça essa carta.
Que a gente só sofra o suficiente. Que a gente saiba curar esses anos de história mal contada.
E gargalhar no nosso final de livro tão bonito.
Eu te amo, viu?
Mas hoje não.
Meu querido amigo,
Eu queria ter palavras doces pra te dar. Potes de carinho pra te despejar todas as vezes que te vejo.
Mas tenho raiva e sempre um gosto amargo que dura mais tempo do que gostaria quando te comportas assim.
Queria te alcançar e te contar histórias de como vamos ficar bem velhos, ouvindo aqueles shows de rock com nossos outros amigos velhos.
Mas hoje tenho aqui essa velha conta a acertar, essa velha mágoa pra deixar na mesa do bar.
Queria gargalhar até de manhã e te contar dos ofícios, das neuras, das coisas todas que quase sempre transbordam das nossas conversas.
Mas já disse: ando farta desse inábil companheiro que me deixa sempre na beira do rio, sem margem que dê pé.
Adoraria ser a amiga a te elogiar aos ventos. A te propagandear por aí, "esse é dos meus".
Mas insisto: hoje não. Hoje te quero quase morto, não fosse minha extrema habilidade para a covardia.
Espero que você saiba que essas palavras são só pra te perdoar. Que o que eu queria mesmo era festa e champagne.
Espero que você nem as leia. Que te passem, que te distraias e não venhas por aqui, nessas vizinhanças tão inóspitas.
Espero que nunca chegue até você essa minha incapacidade de te perceber. Essa minha incapacidade de te amar inteiro, porque não sei de ti. Te queria como vejo, como creio. E você é tão duro nessa qualidade de ser você. Te garantes tanto e nos perdemos.
Mas tenho fé que essas palavras não chegam a ti. Guardo-as aqui comigo, nessa casa que é minha e transparente.
Mas se vier, não se espante. Entre, sinta-se à vontade.
Ainda sou a mesma que te acolhe há tanto tempo.
Tire os sapatos, pise com cuidado nesse chão de palavrinhas indomadas.
Dê um sorriso, cuide de mim. Me deixe chorar, me faça rir.
Vá embora, mas, antes, fique um pouco.
Quem sabe assim a gente não apaga da minha carne esse talho com teu nome?
No mais, esqueça essa carta.
Que a gente só sofra o suficiente. Que a gente saiba curar esses anos de história mal contada.
E gargalhar no nosso final de livro tão bonito.
Eu te amo, viu?
Mas hoje não.
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